Santos 2×1 Corinthians – O Peixe ao ponto de Muricy
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Desde a saída de Dorival Júnior, o Santos se caracterizou pelo estilo ofensivo e envolvente, mas também pela inconstância e vulnerabilidade. Alternava grandes espetáculos e atuações vexatórias.
Sob o comando de Muricy Ramalho, o sistema defensivo foi repaginado, mais compacto e organizado. A equipe, porém, continuou sendo alvo de críticas, agora direcionadas ao excesso de cautela e pragmatismo e à total dependência do talento de Ganso e Neymar.
Mas na final do campeonato paulista na Vila Belmiro, especialmente no primeiro tempo, o alvinegro praiano encontrou o equilíbrio entre arte e competitividade.
No 4-3-1-2 das últimas partidas, o Santos foi atento na marcação, bloqueando com os laterais Jonathan e Léo e o volante Adriano as ações de Dentinho, Bruno César e Jorge Henrique, o trio de meias do 4-2-3-1 corintiano. A pressão dos atacantes e dos volantes-meias Elano e Arouca dificultava a saída de bola do oponente, que errava o passe e dava o contragolpe.
Nas manobras ofensivas, Neymar alternava com Alan Patrick na criação e na aproximação de Zé Eduardo. O trio, com o apoio de Léo e Arouca, forçavam as jogadas pela esquerda em cima de Alessandro, que não tinha o devido auxílio de Dentinho. O jogo fluía com técnica, rapidez e objetividade.
Curiosamente, foi na combinação mais confusa que saiu o gol: lançamento de Léo desviado por Ralf que caiu no pé de Zé Eduardo. O atacante cruzou e Arouca desviou de Júlio César. Primeiro gol do camisa cinco pelo Santos. O volante ainda acertaria a trave, entre as várias oportunidades do time mandante.
Arouca foi o melhor em campo pelo vigor físico, depois de passar a semana se preparando para a decisão, mas também porque o Santos tinha vantagem numérica no meio-campo: quatro contra três, porque Dentinho e Jorge Henrique batiam com os laterais. Sobrava Arouca. O triunfo passa pela superioridade em setor fundamental.
A entrada de Willian na vaga do inócuo Dentinho equilibrou a disputa após o intervalo. O quarteto ofensivo ganhou movimentação, mas não contundência. A equipe de Tite ocupou mais o campo de ataque, porém não penetrava na área. Ramirez e Morais, que substituíram Paulinho e Bruno César, pouco acrescentaram.
Dosando energias, o Santos recolheu suas linhas, mas desta vez não abdicou do ataque.
Quase marcou em linda jogada de Neymar, que limpou três marcadores em sua jogada característica da esquerda para o meio e rolou para Elano, que bateu cruzado e Zé Eduardo quase conferiu.
Quase marcou em linda jogada de Neymar, que limpou três marcadores em sua jogada característica da esquerda para o meio e rolou para Elano, que bateu cruzado e Zé Eduardo quase conferiu.
Muricy trocou os laterais: Jonathan deu lugar a Pará ainda no primeiro tempo e Alex Sandro substituiu o exaurido Léo na metade do segundo tempo. Mais tarde, Possebon entrou na vaga de Alan Patrick, com Elano avançando para articular.
Em lance não tão inspirado, iniciado por Arouca, Neymar encaminhou a vitória e o título no chute fraco que Júlio César aceitou. O ato final perfeito que consagrou a melhor equipe paulista e o craque do campeonato. Não por acaso bicampeões na terceira final consecutiva. A 19ª conquista regional do clube. A quarta nos últimos seis anos (2006, 2007, 2010 e 2011).
O gol de Morais e a pressão nos minutos finais, aliados ao nítido cansaço santista de 11 partidas nos últimos 36 dias, causaram alguma apreensão na Vila, mas o Corinthians em nenhum momento foi uma ameaça real. Fracasso de uma equipe que se dedicou exclusivamente ao estadual.
Porque o treinador parece ter encontrado o ponto que une o “Muricybol” ao “DNA” santista. A receita, bem mais agradável aos olhos, pode render porções ainda mais generosas de alegria aos santistas na temporada.
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O 4-3-1-2 santista se impôs no meio-campo com Arouca livre e força pela esquerda; Corinthians no 4-2-3-1 penou com a falta de criatividade, a apatia de Dentinho e dificuldades na marcação |
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