sábado, 26 de março de 2011

Vettel quebra recorde e faz a pole na Austrália

 

Comprovando o favoritismo seu e da Red Bull, o alemão Sebastian Vettel conquistou a pole position para o GP da Austrália, prova de abertura do Mundial de Fórmula 1, em Melbourne. Com um show de pilotagem, o campeão mundial de 2010 cravou 1m23s529, recorde da pista, na última etapa do treino e vai dividir a primeira fila com Lewis Hamilton, que ficou 0s778 atrás.
A segunda fila será formada por Mark Webber, da Red Bull, e Jenson Button, da McLaren, com o bicampeão Fernando Alonso alinhando em quinto lugar com uma instável Ferrari, logo à frente do surpreendente Vitaly Petrov, da Renault Lotus. Os brasileiros tiveram uma classificação decepcionante. Felipe Massa não passou da oitava colocação após quase ser eliminado já no Q1 e rodar no Q3. Já Rubens Barrichello também cometeu um erro logo na sua primeira tentativa no Q2 e ficou numa péssima 17ª posição.

Foi uma classificação marcada por muitas escapadas. Além dos erros dos brasileiros, também deram suas saídas de pista Nick Heidfeld (Renault) e Adrian Sutil (Force India), este de forma espetacular, na entrada da reta dos boxes. Já a sempre patética Hispania conseguiu levar seus carros à pista sem problemas, mas tanto Vitantonio Liuzzi como Narain Karthikeyan não obtiveram tempo mínimo para largar, pois ficaram acima dos 107% da marca de Vettel no Q1.
GRID DE LARGADA DO GP DA AUSTRÁLIA
1º - Sebastian Vettel (ALE) Red Bull-Renault - 1m23s529
2º - Lewis Hamilton (GBR) McLaren-Mercedes - 1m24s307
3º - Mark Webber (AUS) Red Bull-Renault - 1m24s395
4º - Jenson Button (GBR) McLaren-Mercedes - 1m24s779
5º - Fernando Alonso (ESP) Ferrari - 1m24s974
6º - Vitaly Petrov (RUS) Renault Lotus - 1m25s247
7º - Nico Rosberg (ALE) Mercedes - 1m25s421
8º - Felipe Massa (BRA) Ferrari - 1m25s599
9º - Kamui Kobayashi (JAP) Sauber-Ferrari - 1m25s626
10º - Sebastien Buemi (SUI) Toro Rosso-Ferrari - 1m27s066
11º - Michael Schumacher (ALE) Mercedes - 1m25s971
12º - Jaime Alguersuari (ESP) Toro Rosso-Ferrari - 1m26s103
13º - Sergio Perez (MEX) Sauber-Ferrari - 1m26s108
14º - Paul di Resta (GBR) Force India-Mercedes - 1m26s739
15º - Pastor Maldonado (VEN) Williams-Cosworth - 1m26s768
16º - Adrian Sutil (ALE) Force India-Mercedes - 1m31s407
17º - Rubens Barrichello (BRA) Williams-Cosworth - sem tempo
18º - Nick Heidfeld (ALE) Renault Lotus - 1m27s239
19º - Heikki Kovalainen (FIN) Team Lotus-Renault - 1m29s254
20º - Jarno Trulli (ITA) Team Lotus-Renault - 1m29s342
21º - Timo Glock (ALE) Marussia Virgin-Cosworth - 1m29s858
22º - Jerome D'Ambrosio (BEL) Marussia Virgin-Cosworth - 1m30s822

Lancepress
Oprah Winfrey anuncia a data de seu útlimo programa

A apresentadora de TV mais poderosa do mundo vai sair de cena. Oprah Winfrey anunciou a data de exibição de seu último programa, "The Oprah Winfrey Show": 25 de maio de 2011. Segundo o site americano "TMZ", a produção declarou que ainda não sabe quem irá conceder a última entrevista a Oprah.A apenas dois meses do encerramento do programa, um dos mais assistidos dos Estados Unidos, Oprah não para de trabalhar. Ela vai deixar a atração para se dedicar a um projeto maior: a "Oprah Winfrey Network", um canal com programas variados, escolhidos pela apresentadora mais bem paga do mundo.
(Tecontei)

Itamaraty: Brasil recebe com satisfação decisão da OMC

A Organização Mundial do Comércio (OMC) confirmou hoje a vitória do Brasil contra os Estados Unidos no contencioso do suco de laranja. De acordo com o relatório final do painel, as medidas antidumping aplicadas pelos americanos sobre os produtos brasileiros foram consideradas ilegais. "Como já indicado em ocasiões anteriores, o Brasil recebeu com satisfação as determinações do painel, que acolheu as principais teses brasileiras", afirmou o Itamaraty por meio de nota.
Para a OMC, o uso do chamado "zeroing" ou zeramento para calcular os preços de referência do suco vendido pelo Brasil não está de acordo com as normas internacionais e, portanto, é "injusto". Esse método de cálculo utilizado pelos Estados Unidos ignora algumas transações comerciais, justamente as de preços mais elevados, que se fossem consideradas resultariam em sobretaxas menores de dumping.
A nota do Itamararty ainda acrescenta que o governo brasileiro espera que os Estados Unidos cumpram a decisão do painel no menor prazo possível, além de abandonarem definitivamente essa metodologia de cálculo.
Segundo o Itamaraty, Canadá, União Europeia, Japão, Equador, Tailândia, México, Coreia do Sul, Vietnã e China também já questionaram na OMC essa metodologia, "o que demonstra o interesse sistêmico e o impacto comercial que a medida ilegal norte-americana vem ocasionando".

Ao menos 55 morreram em protestos na Síria, diz ONG

BEIRUTE (Reuters) - O grupo de direitos humanos Anistia Internacional disse na sexta-feira que pelo menos 55 pessoas devem ter morrido desde o início dos protestos na cidade síria de Deraa e redondezas há uma semana.
"Forças de segurança abriram fogo novamente contra manifestantes em al-Sanamayn e realizaram prisões em Damasco, de acordo com relatos na sexta-feira, um dia depois que autoridades prometeram investigar a violência", informou a Anistia em comunicado.
Na sexta-feira, forças de segurança sírias detiveram dezenas de pessoas que realizavam uma breve passeata pró-democracia em Damasco, depois que protestos desencadeados no sul inspiraram apoio na capital.
Na véspera, o presidente Bashar al-Assad, herdeiro de meio século de governo do partido Baath, cogitou conceder liberdades políticas.

Governo líbio aceita negociar com rebeldes

Río de Janeiro - A delegação do governo líbio que participa de uma cúpula de alto nível na capital da Etiópia com membros da União Africana (UA) e dos Governos de Rússia, China, Estados Unidos e França aceitou as propostas da UA, que incluem reformas democráticas e diálogo com os rebeldes.
"Estamos dispostos a iniciar o Mapa de Caminho do Comitê de Alto Nível do Conselho de Paz e Segurança da UA, incluída a adoção e aplicação de uma política que satisfaça às aspirações do povo líbio de maneira pacífica e democrática", disseram os enviados líbios em comunicado distribuído aos meios de comunicação.
Além disso, os representantes do Governo líbio na Etiópia solicitaram a cessação dos bombardeios e o bloqueio naval.
A delegação líbia considerou que "os bombardeios e o bloqueio naval impostos pelas forças ocidentais estão aplainando o terreno para um ataque rebelde" e pediu também "a suspensão do embargo econômico, que agravou o sofrimento do povo líbio".
O texto acrescenta que o Executivo líbio se comprometeria a um cessar-fogo se a mesma medida for imposta aos rebeldes. A Líbia "se comprometeu a um cessar-fogo. A comunidade internacional deve impor as mesmas obrigações às outras partes. Também aceitará uma missão de observadores da UA para supervisionar o cessar-fogo", diz o comunicado.
No entanto, os rebeldes não estão representados na reunião de Adis-Abeba, já que os líderes do Conselho Nacional de Transição recusaram o convite, pois a agenda do encontro não incluía a renúncia de Kadafi. Por sua vez, a delegação enviada pelo líder líbio está liderada por Mohammad Al-Zawi, presidente do Congresso do Povo.
O presidente da Comissão da UA, Jean Ping, disse durante o encontro que se chegou a um acordo para a determinação de um Mapa de Caminho para resolver a crise, que consistiria na formação de um Governo de transição, na convocação de eleições e na criação de instituições democráticas.
Previamente, a UA propôs que as partes em conflito chegassem a um acordo sobre um período de transição durante o qual seriam realizadas eleições democráticas. Ping disse que o papel da África continuará sendo estritamente político, com o objetivo de ajudar na obtenção de um acordo entre as partes envolvidas no conflito.
Segundo fontes da UA, a reunião esteve dividida quanto às formas de resolução para a crise: a Argélia liderou o grupo que tentava obter um cessar-fogo seguido de negociações que aproximassem ambas as partes, enquanto a Turquia põe como condição que Kadafi abandone o poder.
Ping explicou que a UA pressionou para alcançar reformas políticas através do diálogo e pediu às partes em conflito que ponham fim às hostilidades e que permitam a realização dos trabalhos humanitários.
Membros da UA e dos Governos de Rússia, China, Estados Unidos e França e outros países europeus se reuniram nesta sexta-feira com representantes das autoridades da Líbia na capital etíope para tentar encontrar uma saída pacífica ao conflito líbio.
Árbitro apanha de time inteiro e é hospitalizado na Argentina
Redação Yahoo! Brasil
O árbitro Hugo Vega passou por maus bocados no último fim de semana no jogo entre Juventud Católico e Sportivo Laguna pela liga semi-amadora da Argentina.
Após expulsar um jogador, o árbitro se viu cercado por outros atletas do Juventud que passaram a agredi-lo em grupo.
"Foi bastante duro. Recebi vários golpes e chutes, inclusive na cabeça. Fui levado a um hospital para tirar radiografias. É a primeira vez que acontece algo desse tipo comigo. Graças a Deus, estou bem", disse Vega à emissora "Cadena Ser". O árbitro também revelou que chegou a ficar alguns segundos inconsciente devido à agressão que só terminou após a intervenção da polícia.



Especial: Acusações podem derrubar 7 governadores

BRASÍLIA - Eles derrotaram adversários na eleição em outubro, mas um terceiro turno pelo cargo pode estar diante de sete governadores acusados de irregularidades na campanha de 2010 e que podem ter seus mandatos cassados.
A movimentação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) envolve denúncias de abuso de poder econômico e político, compra de votos e uso indevido de meios de comunicação, acusações que custaram o mandato de três governadores somente nos últimos quatro anos.
A ameaça existe mas, apesar das recentes cassações, o risco da perda de mandato é considerado mínimo por lideranças políticas ouvidas pela Reuters.
Sob suspeita, estão os governadores do Acre, Tião Viana (PT); do Amazonas, Omar Aziz (PMN); de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB); do Piauí, Wilson Martins (PSB); do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM); de Roraima, Anchieta Júnior (PSDB), e do Tocantins, Siqueira Campos (PSDB).
"Eu conheço a maioria dos casos e acredito que não vão prosperar", disse o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE). "O importante é não deixar esse tipo de questionamento vivo."
A tranquilidade em relação à perda do mandato, no entanto, pode esbarrar no histórico recente do TSE. Desde 2006, três governadores foram cassados pelo tribunal, todos acusados de abuso de poder econômico e político, entre outras irregularidades. As denúncias derrubaram os governantes de Paraíba, Maranhão e Tocantins, cassados dois anos após serem empossados.
"A cassação de três governadores é efetivamente grande no Brasil. Cria-se uma jurisprudência", disse o advogado Maurício Oliveira Campos, especialista em direito eleitoral. "Nos processos atuais, o acirramento do período eleitoral se despejou no período pós-eleitoral."
Caso as cassações se confirmem, os vices também perdem seus cargos, já que a chapa eleita é invalidada, segundo o TSE. A lei prevê nova eleição no caso de definição em primeiro turno e a posse do segundo colocado para vitórias ocorridas em segundo turno. Se a duração dos últimos processos serve como um indicativo, os julgamentos podem levar tempo para serem concluídos.
"Não vejo iminente a perda de mandato em nenhum dos casos (atuais)", afirmou o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza. "A lei não é clara, tem muitos furos. Eu sou a favor de que, uma vez diplomado, uma vez tomado posse, só com fato novo possa se pedir a cassação, senão você fica instigando uma discussão que não faz sentido", disse o deputado.
Choro de perdedor
A sensação de um "terceiro turno" do período eleitoral não se restringe à arena política. Especialistas veem as representações como um movimento natural dos derrotados nas urnas e adotam cautela sobre o fato de sete governadores serem acusados de crimes eleitorais.
"Tudo isso diz respeito a fatos ocorridos na campanha eleitoral. Eu não vejo nenhuma gravidade... é plenamente previsível", explicou Fernando Neves, advogado especialista em direito político e ex-ministro do TSE. "Hoje é muito normal, quem perde a eleição propõe uma ação contra quem ganha."
Dos outros processos em trâmite, quatro são de autoria de rivais derrotados, que acusam os governantes eleitos em Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte e Tocantins de compra de votos e abuso de poder econômico e político.
"Naturalmente existe um fator político, no sentido de desestabilizar o governo do adversário", disse o advogado Campos. "Algumas vezes é choro de perdedor."
Em Roraima, o governador Anchieta Júnior já perdeu seu mandato, cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Ele recorreu ao TSE, que concedeu mandado de segurança suspendendo a decisão. No Acre e no Amazonas, as ações foram iniciadas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE).
MAIS UMA OBRA HIDRELÉTRICA PARALIZADA

Depois dos protestos de operários na Usina Hidrelétrica Jirau, no Rio Madeira (RO), que paralisaram as obras na semana passada, os trabalhos na Usina Hidrelétrica São Domingos, no município de Água Clara (MS), também estão parados por causa de um tumulto que começou quinta-feira (24) com uma briga no canteiro. De acordo com a Eletrosul, responsável pelo empreendimento, um grupo de trabalhadores contratados pelo consórcio São Domingos, composto pelas empresas Engevix e Galvão, começou uma briga que provocou um incêndio nos seis pavilhões usados para alojamento dos mil trabalhadores da obra. Eles também atearam fogo no centro ecumênico, no refeitório, na guarita e no centro de inclusão digital.
Os trabalhadores da usina foram retirados do local e levados para alojamentos em municípios vizinhos, como Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo e Campo Grande. A Polícia Militar foi ao local do tumulto e deteve cerca de 80 pessoas supostamente envolvidas no episódio. A Eletrosul também pediu o apoio da Secretaria de Segurança de Mato Grosso do Sul.
Ontem (25), a Eletrosul, a Polícia Federal, a Polícia Militar e o consórcio construtor estão no canteiro de obras para fazer o levantamento dos estragos. O Ministério de Minas e Energia, a Eletrobras, o Gabinete de Segurança Institucional e a Casa Civil da Presidência da República foram informados dos acontecimentos.
A usina, que terá potência de 48 megawatts (MW), começou a ser construída em junho de 2009 e a previsão é que ela entre em operação em 2012. O investimento total na obra, prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é de R$ 366 milhões.
Em Jirau, as obras na usina foram interrompidas por causa dos protestos dos trabalhadores, que resultaram na depredação do canteiro e no incêndio de alojamentos. Por medidas de segurança, as obras na Usina Santo Antônio, no Rio Madeira, a cerca de 120 quilômetros de Jirau, também foram paralisadas.

Da Agência Brasil


Lei da Ficha Limpa - A decepção

Percival Puggina*


            A imensa maioria da sociedade ficou "de cara" com a decisão do STF que postergou para 2012 a vigência da Lei da Ficha Limpa. Já encontrei gente convencida de que o artigo 16 da Constituição federal foi uma artimanha concebida com a finalidade de beneficiar políticos desonestos.
            O referido preceito, com a redação que ganhou em 1997, diz assim: “A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. Não é preciso conhecer a história do Brasil na segunda metade do século passado para saber-se o que motivou tal disposição. Ela é uma vacina contra  casuísmos que, alterando de última hora as regras eleitorais, sirvam para beneficiar a maioria parlamentar (via de regra a poderosa base do governo) em prejuízo da minoria. Tivemos muito disso durante o regime militar, por exemplo. O foco da norma está posto no respeito às regras do jogo e ao eleitor. Ou, em outras palavras, à segurança jurídica e à própria democracia.
            Se o leitor destas linhas, assim como eu, não tem em boa conta o discernimento de grande parte do eleitorado, nem apreço algum por grossa fatia dos partidos e seus representantes, não é contra a Constituição nem contra a decisão do STF que se deve insurgir. Sua decepção deveria ter sido instigada já quando leu nos jornais que a Lei da Ficha Limpa foi aprovada na Câmara dos Deputados por 388 votos contra apenas um. E no Senado Federal, logo após, por 76 votos a zero. Bastava para deduzir: aí tem! E não deu outra. Era para não valer. Impossível que juntos - deputados, senadores, assessores do Congresso Nacional, entre outros - não conhecessem o teor do artigo 16 da Constituição ou inferissem que, no STF, a força do preceito da anualidade acabaria minimizada. Não podia ser e não foi. Por pouco, mas não foi. Prefiro uns patifes a mais no Congresso do que ver o Supremo rasgar a Constituição por pressão popular.
            Agora, usarei o direito do autor para falar da minha decepção. O que me entristece profundamente é saber que em momento algum, nos debates travados sobre o tema ao longo destes últimos dias, subimos um milímetro na compreensão de que estivemos tentando corrigir as consequências em vez de atacarmos as causas da enxurrada de mazelas na política nacional. Lamentamos seu efeito destruidor. Choramos as vítimas do mau uso dos recursos públicos. Deploramos as desigualdades dos pleitos e os abusos dos poderosos. Como nas enchentes, descuidamos da prevenção e não nos ocupamos, um segundo sequer, do modelo institucional ficha suja com o qual convivemos! Enquanto isso, a usina da criminalidade política continua em plena atividade. O PCC da política, o Comando Vermelho da política, que se vale do nosso pavoroso modelo institucional, atua e continuará atuando mesmo na remotíssima hipótese de que a impunidade acabe e todos vão tomar banho de sol em horário certo no pátio de algum presídio. Lá de dentro, com celulares ou sem celulares, continuarão se valendo das franquias e facilidade de um sistema que lhes facilita a vida e coloca o país no vergonhoso 69º lugar no ranking da ética. A nota 3,7 que recebemos nos situa a apenas 2,6 pontos da Somália, que é o último dos 180 países avaliados, e a longínquos 5,6 pontos da Dinamarca, que encabeça a lista dos melhores padrões éticos.
            Decepção, para mim, é isto. É saber que em momento algum do último pleito muitos cidadãos que hoje reprovam o STF se interessaram em saber o que seus candidatos pensavam sobre reforma institucional e política (estavam mais interessados em achar alguém que lutasse por seus interesses pessoais ou corporativos). É perceber que a nação ainda crê, firmemente, que seja possível colher resultados diferentes agindo, sempre, do mesmo modo. É ver tantas pessoas convencidas de que a Lei da Ficha Limpa será capaz, mantida a regra do jogo, de moralizar os comportamentos dos políticos, dos partidos e dos eleitores. É achar-se preferível atropelar o princípio da presunção de inocência (inciso LVII do artigo 5º da Constituição), segundo o qual "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória", a reformular o modelo recursal do direito brasileiro que dá garantias eternas de impunidade aos réus endinheirados!
            Escreva aí, leitor: quando, em 2012, os recursos contra a Lei da Ficha Limpa entrarem no STF invocando esse outro preceito constitucional, a lei se desfará em cacos, evidenciando a incompetência de sua concepção. Como bem disse em recente programa de tevê o advogado Ricardo Giuliani - os responsáveis pela atual decepção (e pela futura) são os que criaram ilusões na opinião pública através de uma norma eivada de inconstitucionalidades.
* Escritor e articulista