terça-feira, 5 de abril de 2011

 Lixo espacial em rota de colisão põe a ISS em alerta vermelho

Astronautas foram orientados a buscar refúgio em cápsula salva-vidas; destroço de satélite está sendo acompanhado pela Nasa


Um pequeno pedaço de lixo espacial flutuou para perigosamente perto da Estação Espacial Internacional (ISS) nesta terça-feira, o que levou a Nasa a determinar que os três astronautas a bordo buscassem refúgio numa cápsula salva-vidas.
O Controle de Missão deu a ordem depois de determinar que não haveria tempo suficiente para tirar o posto orbital do caminho do detrito.
O destroço – com tamanho estimado de 36 centímetros quadrados – é de um satélite chinês que foi deliberadamente destruído em 2007, como parte de um teste de armas. A previsão é de que passe a menos de 5 km da ISS, o que desencadeou o alerta vermelho, nível máximo de ameaça da Nasa.
Na última sexta-feira, a estação espacial teve de ser tirada do caminho de um resíduo da colisão entre dois satélites, ocorrida em 2009.
Destroços são um problema cada vez maior em órbita, por conta das colisões e da destruição de naves e satélites. A uma velocidade de 8 km por segundo, o dano pode ser grave, mesmo se o projétil tiver poucos centímetros. Descompressão – perda de atmosfera por conta de um furo na nave ou no traje espacial – está no topo da lista de riscos dos astronautas.
Mais de 12.500 pedaços de detrito espacial orbitam a Terra. O número se refere apenas aos que têm tamanho suficiente para serem rastreados.
O Controle de Missão alertou a tripulação para o risco na manhã desta terça, poucas horas depois de a ameaça ter sido identificada. Os três astronautas a bordo são o comandante russo Dmitry Kondratyev, a americana Catherine Coleman e o astronauta italiano Paolo Nespoli.
A órbita do lixo espacial é errática, diz o porta-voz da Nasa, Josh Byerly. É até possível que o risco de colisão diminua. Mas, se o alerta vermelho perdurar, os astronautas terão de se refugiar na cápsula Soyuz que serve de salva-vidas para a ISS, remover as linhas de ventilação entre a cápsula e os principais módulos da estação, lacrar as comportas e ligar o rádio de bordo.
Eles terão de entrar na Soyuz cerca de dez minutos antes do instante previsto para a aproximação máxima, que atualmente é 17h21 desta tarde (horário de Brasília). A permanência mínima seria de 15 minutos.
A última vez que a tripulação teve de se refugiar numa Soyuz foi em 2009.
Uma nova tripulação de três astronautas está a caminho da ISS, depois de ter decolado do Casaquistão na segunda-feira.
(com informações da AP)


Equador expulsa embaixadora americana por documento do Wikileaks

Foto AFP
O Equador anunciou nesta terça-feira a expulsão da embaixadora americana no país por causa de um telegrama diplomático de 2009 divulgado pelo site WikiLeaks e publicado pelo jornal espanhol "El País". No documento, a embaixadora Heather Hodges diz que o presidente equatoriano Rafael Correa nomeou Jaime Hurtado Vaca como chefe de polícia apesar de saber que ele era corrupto.
Na tarde de segunda-feira, Heather foi chamada para dar explicações sobre o caso ao ministro equatoriano das Relações Exteriores, Ricardo Patiño. Durante a conversa, ele teria dito que Correa estava "absolutamente indignado" com a acusação.
Depois, em coletiva de imprensa nesta terça-feira, Patiño disse que a embaixadora não apresentou explicações suficientes, anunciou que ela havia sido declarada "persona non grata" e pediu que ela deixe o país o mais rápido possível. "Esperamos que a decisão não afete as relações cordiais entre os dois países", acrescentou o ministro.
O Departamento de Estado americano considerou a expulsão "injustificável" e lamentou "profundamente" a decisão. "A embaixadora Hodges é uma de nossas diplomatas mais experientes e talentosas", afirmou o governo dos EUA, em comunicado. "Vamos examinar as opções para responder a essa ação do Equador."
No documento diplomático, Heather recomenda que os EUA confisquem o visto americano do chefe da polícia, dizendo que ele usava o cargo para "extorquir dinheiro, facilitar tráfico humano e obstruir investigações sobre colegas corruptos". Ela também escreve que a corrupção na Polícia Nacional do Equador é "conhecida" e "mais pronunciada nos altos níveis de poder".
Heather é a terceira diplomata americana expulsa pelo governo equatoriano desde que Correa chegou ao poder, em 2007. Outros dois países latino-americanos estão atualmente sem embaixadores americanos: Venezuela e Bolívia, cujos líderes, Hugo Chávez e Evo Morales, são aliados do líder do Equador.

Após calar Forças Armadas em 31 de março, Dilma é condecorada

Após ter determinado o fim das comemorações anuais nas Forças Armadas do golpe de 31 de março de 1964 e em meio à polêmica sobre a criação da Comissão da Verdade, a presidenta Dilma Rousseff recebeu nesta terça-feira, em Brasília, quatro condecorações dos comandantes militares. Por seu passado de militante de grupos guerrilheiros durante o Regime Militar (1964-1985), Dilma tem relações tensas com setores das Forças Armadas.
A data simbólica para os militares era celebrada no calendário oficial do Exército anualmente. No site da Força, o 31 de março constava da lista de datas comemorativas (hoje são 23), mas foi retirado este ano. Na ordem do dia nos quartéis do País, comandantes costumavam fazer discursos exaltando o movimento que resultou na ditadura.
Na quinta-feira passada (31 de março), foi cancelada de última hora a palestra do general-de-exército Augusto Heleno, então diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia, sobre “A contrarrevolução que salvou o Brasil”, por determinação do ministro da Defesa, Nelson Jobim, cumprida pelo comandante do Exército, general Enzo Peri. Como Jobim já era ministro de Lula e as comemorações nunca foram proibidas, a ordem é atribuída a Dilma.
De acordo com José Genoino, assessor especial do Ministério da Defesa, “Jobim conduziu com as Forças Armadas um trabalho para que não houvesse comemorações nem retaliações no dia 31 de março”.
Na semana seguinte à polêmica, Dilma foi agraciada com a insígnia de Grã-mestra da Ordem do Mérito da Defesa, com as ordens do Mérito Militar – a mais elevada distinção honorífica do Exército Brasileiro – do Mérito Naval e do Mérito Aeronáutico. As honrarias são destinadas a pessoas que prestaram relevantes serviços às Forças Armadas. Como presidenta da República e comandante suprema das três Forças, ela recebe automaticamente a Grã-cruz, mais alto grau das condecorações de todas as Ordens.
Por ter integrado organizações da luta armada durante a ditadura, Dilma Rousseff enfrenta resistência de setores das Forças Armadas, especialmente entre os militares mais antigos e os da reserva. Em sites de militares da reserva ou reformados, é comum ver críticas e acusações contra a presidenta, que é chamada de “terrorista”, devido a sua participação na Polop (Política Operária), Colina (Comando de Libertação Nacional) e VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, fusão da VPR com Colina).

A presidenta afirma nunca ter participado pessoalmente de ações armadas, embora admita sua filiação às organizações guerrilheiras. Foi presa em janeiro de 1970 em São Paulo e submetida a torturas. Condenada a seis anos de prisão, teve a pena reduzida a dois anos e um mês.