terça-feira, 10 de maio de 2011

João Estrella, personagem do filme Meu nome não é Johnny, faz palestra nesta terça em Itajaí

Evento será no campus da Univali, a partir das 19h30min, com entrada gratuita

Drogas e superação. Esses são os temas da palestra que o produtor musical João Guilherme Estrella faz nesta terça-feira em Itajaí. O evento será no Teatro Adelaide Konder, no campus da Univali, a partir das 19h30min. A entrada é gratuita.

A vida João inspirou o livro e o filme Meu nome não é Jhonny, que contam a história de um jovem de classe média-alta que entra no mundo das drogas e do lucro fácil, e acaba na prisão. Em entrevista ao Santa, ele conta sobre a experiência e revela que a conversa franca entre pais e filhos é a grande aliada da prevenção ao uso de drogas.
Jornal de Santa Catarina - Sua história ficou conhecida após ser contada no livro e no filme Meu nome não é Jhonny. A ideia de fazer palestras para pais e adolescentes veio após a repercussão da sua experiência de vida?
João Guilherme Estrella
- Começou em 2004, com o lançamento do livro. O tema é forte e polêmico, o livro foi bem aceito, bem divulgado. A partir daí alguns colégios começaram a me procurar.

Santa - Que tipo de mensagem você pretende trazer para os adolescentes e os pais deles?
Estrella
- Falar dos problemas que as cidades têm, levar a experiência do que se vive numa cidade grande, a violência. Minha trajetória tem ingredientes de uma vida inteira relacionada a superar isso tudo. Vou também para aprender, colocar o assunto na mesa. Em cima disso falo de algo mais amplo, vivência, superação, realização de objetivos. Começo contando o que eu fiz depois do filme, o que realizei, como dei a volta por cima.

Santa - Que tipo de conversa você sugere, entre pais e filhos, para prepará-los para dizer não às drogas?
Estrella
- Tem que ser o mais amigo possível. Falo para os adolescentes que eles têm que deixar uma via aberta de comunicação. Às vezes, os pais são chatos, mas eles amam. É preciso dar crédito ao que eles dizem. Quando usei maconha pela primeira vez, eu queria conversar com meus pais, mas não fiz isso. Mesmo tendo um canal aberto com eles, nesse assunto não tive coragem de tocar. Teria sido ótimo se eu tivesse conversado.

Santa - Você acha que se tivesse ouvido uma história como a sua, na adolescência, sua vida teria sido diferente?
Estrella
- Eu fui muito pela curiosidade, minha família era estruturada. Mas a informação é importante, sim. Talvez se eu tivesse ouvido uma história como a minha eu tivesse pensado melhor.

Santa - Você diz que não tinha problemas de desestruturação familiar, que são geralmente apontados como causa para o envolvimento com as drogas. O que foi que o levou a esse mundo?
Estrella
- A aventura, a sensação de poder, o efêmero, a falta de responsabilidade. É uma coisa difícil conter entre os 15 e os 20 anos.

Santa - O Litoral catarinense, em especial Balneário Camboriú, é conhecido pelas festas badaladas, muitas vezes regadas a drogas, como o ecstasy e o LSD. Qual o risco de que o contato com essas drogas levem a um futuro no tráfico?
Estrella
- É muito fácil. Até mesmo quem têm dinheiro e não precisa traficar pode dar o azar de ser preso junto a traficantes e ficar muito tempo na cadeia. Traficar é muito fácil, porque o acesso à droga é muito fácil. Mas hoje há cada vez mais vigilância, a polícia tem mais inteligência e a cobrança da sociedade é um pouco maior. É uma escolha fatal. Você não pensa quando está naquele embalo todo.

Santa - Você é favorável a legalização das drogas? Acredita que seria um meio de evitar o tráfico?
Estrella
- Eu sou favorável se houver uma política social decente. O álcool é liberado e é a droga mais problemática socialmente. Todo mundo fala do crack, mas se comparar com o álcool, os números soam ridículos. O álcool tem os índices mais pesados de homicídios, suicídios, agressões. Para liberar, as leis têm de ser aplicadas e, no caso de crimes relacionados ao uso do álcool, elas não são. A droga liberada tem que ter leis ligadas a ela.

Santa - Como é a experiência de passar uma temporada no sistema prisional brasileiro?
Estrella
- Posso dizer que tive contato com custódia de Polícia Federal e com prisão hospício, e todas são completamente ineficazes.
ClickRBS

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