domingo, 10 de abril de 2011

Presos suspeitos de vender arma a atirador
Foto: Reuters
Familiares das 12 vítimas do massacre em escola carioca choram em enterro realizado na última sexta-feira
O corpo de Ana Carolina Pacheco da Silva foi cremado, na manhã de ontem, no Crematório do Memorial do Carmo

São Paulo. Na noite de ontem, dois homens suspeitos de terem vendido uma das armas usadas por Wellington Menezes de Oliveira em ataque à escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio, na última quinta-feira, foram presos. O massacre acabou vitimando 12 crianças.
O chaveiro Charleston Souza de Lucena, de 38 anos, e o vigia Izaías de Souza, de 48 anos, tiveram a prisão preventiva decretada na madrugada de ontem. Eles foram indiciados por comércio de arma de fogo e a pena pode chegar a oito anos. Os suspeitos foram localizados por policiais militares e encaminhados para prestar depoimento na última sexta-feira. Os dois afirmaram que ao saber que a arma tinha sido usada para o ataque à escola se arrependeram da venda.
De acordo com o comandante do 21º BPM, Ricardo Arlem, o chaveiro, vizinho de Wellington, teria intermediado a compra do revólver calibre 32, uma das armas utilizadas no massacre. Conforme a Polícia Militar, as negociações para a compra da arma começaram há quatro meses. O comandante do batalhão explicou que Wellington teria procurado o chaveiro, por saber que ele tinha contatos de pessoas que vendiam armas clandestinamente.
A PM acredita que um amigo do chaveiro Charleston, que tem passagens pela polícia por porte ilegal de arma, uso de documento falso e estupro, vendeu a arma para o atirador.
Ainda há 9 alunos internados em seis hospitais do Rio. Alguns deles em estado grave. O corpo da garota Ana Carolina Pacheco da Silva foi cremado na manhã deste sábado, no Crematório do Memorial do Carmo, no Cemitério do Caju. Os policiais informaram ainda que, pelas análises preliminares, há indicações de que Oliveira treinou para executar o crime. A polícia ainda vai investigar o motivo.
Tiroteio
Durante o tiroteio, um garoto, ferido, conseguiu escapar e avisar à PM. O policial Márcio Alexandre Alves relatou que Oliveira chegou a apontar a arma para ele quando estava na escada que dá acesso ao terceiro andar do prédio, onde alunos estavam escondidos. O policial disse ter atirado no criminoso e pedido que ele largasse a arma. Em seguida, Oliveira se matou com um tiro na cabeça.
APÓS MASSACREIrmãos temem vingança
Brasília Os cinco irmãos de Wellington Menezes de Oliveira, autor do massacre de Realengo, estão com receio de serem alvo de vingança por causa da tragédia na Escola Municipal Tasso da Silveira. Na última sexta-feira, um deles concordou em dar entrevista, desde que não tivesse nome e profissão revelados. O irmão disse que sabia dos problemas psicológicos de Wellington, mas nunca imaginou que ele pudesse cometer tamanha atrocidade. O atirador, de 23 anos, já tinha feito tratamento psicológico.
"Minha mãe o levou ao psicólogo. Na própria escola foi pedido que o levassem a um profissional. Ele começou a ir, mas, quando ele fez 18 anos, parou".
Para o irmão, a escola pode ter indicado o tratamento psicológico devido à personalidade de Wellington. Ele afirmou ainda que está orando em nome dos pais e das mães das 12 crianças assassinadas.
AdotivoMesmo sendo filho adotivo, Wellington recebeu todo o amor da mãe, segundo o irmão. "Minha mãe o tratava melhor do que aos próprios filhos. Ele foi adotado com muito amor, muito carinho e religiosidade".
Apesar de Wellington ser evangélico, o irmão reconhece que ele demonstrava interesse também por outras religiões. "Algumas vezes ele brincava dizendo que não queria mais fazer parte da religião da minha mãe (testemunha de Jeová). Que tinha verdadeiro fascínio por essa religião do Bin Laden".
Pelo menos uma vez Wellington teria falado em cometer um atentado, segundo o irmão. "Uma vez ele falou brincando que derrubaria um avião. Ninguém levou a sério porque foi numa brincadeira mesmo. Não estava transparecendo nenhum problema mental.
Para o irmão, Wellington não demonstrava ter um comportamento agressivo. "Ele lidava mansamente com as pessoas. Quase não as cumprimentava, mas falava com educação".

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