quinta-feira, 26 de maio de 2011

Peru: sobe o tom na campanha presidencial a dez dias das eleições
 
De Reynaldo Muñoz/AFP
LIMA — Ovos atirados contra a direitista Keiko Fujimori, líder das pesquisas; chuva de acusações contra o esquerdista Ollanta Humala de parte de uma imprensa que lhe é hostil: a agressividade e a polarização aumentaram na campanha presidencial peruana a dez dias das eleições.
Na reta final da corrida presidencial, a última pesquisa da empresa Datum, divulgada nesta quinta-feira, dá a Fujimori uma vantagem de 5,8 pontos percentuais sobre Humala. Segundo a empresa, a candidata tem 52,9% das intenções de voto contra 47,1% de seu rival.
Há mais de uma semana, Keiko Fujimori vem aparecendo com vantagem sobre o adversário.
Os meios de comunicação destacaram nesta quinta-feira uma agressão sofrida por Keiko, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, condenado a 25 anos por violação de direitos humanos e corrupção.
Na quarta-feira, em um giro pela região de Cajamarca (norte), grupos 'antifujimoristas' atiraram ovos e bolas de barro durante um comício no qual ela discursava, o que levou a candidata a acusar Humala de estar por trás da agressão, afirmando que ele "está enganado se acha que vai me amedrontar".
Humala condenou a agressão e declarou que deu "diretrizes claras para que não se cometam atos de violência".
No começo da semana, surgiu a denúncia de que militantes pró-Humala haviam sido expulsos do bairro de Jicamarca, zona leste de Lima, por grupos pró-Fujimori, que os impediram de realizar um ato de campanha.
As acusações vêm de um e outro campo, especialmente contra Humala, candidato da aliança Gana Peru.
Também na quarta-feira, um jornal farovável a Keiko Fujimori apresentou o testemunho de um ex-soldado que acusa Humala de ter torturado e assassinado várias pessoas quando era comandante do exército que combatia a guerrilha maoísta Sendero Luminoso, em 1992.
A denúncia, que ganhou amplo destaque na imprensa, caiu rapidamente em descrédito, quando se soube que o acusador era o líder de um bando de delinquentes, segundo informações da polícia.
Para o candidato, tratou-se de uma acusação "truculenta e parte de uma história mal estruturada que não aguenta nenhum arrazoado".
O partido de Humala considera que a campanha desatada pela imprensa contra ele é apoiada pelo presidente Alan García, acusado de favorecer Fujimori.
Omar Chehade, candidato a vice-presidente de Humala, denunciou que García viajou a Trujillo (norte) para dar instruções a seus partidários e "orquestrar uma fraude na serra desta região, onde o controle eleitoral não chega da melhor maneira".
García repudiou a acusação, afirmando que "os que falam de fraude é porque sentem que o chão se move debaixo de seus pés".
À margem da alta tensão que prevalece no Peru, a campanha eleitoral também deu lugar a formas engenhosas de fazer proselitismo político. O coletivo "não a Keiko" começou a distribuir, entre jovens de várias universidades, preservativos com o slogan "eu não concebo Keiko".
À medida que se aproxima a data de 5 de junho, dia das eleições, os meios de comunicação têm tomado partido por um ou outro candidato, inclinando-se especialmente a favor da candidata, em uma polarização muito parecida à observada na população.

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