Meninas: a maioria entre vítimas de atirador no Rio
Segundo Secretaria da Saúde, 20 das 24 pessoas baleadas na escola de Realengo eram do sexo feminino.
As vítimas do atirador que invadiu uma escola na zona oeste do Rio nesta quinta-feira são, em sua maioria, meninas com idade entre 9 e 14 anos.
De 24 pessoas baleadas na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, 20 eram do sexo feminino, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio.
Entre as 12 crianças que foram mortas pelo atirador estavam dez meninas e dois meninos. A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou uma lista parcial com os nomes de oito das vítimas fatais, todas de 12 a 14 anos.
Identificado como Wellington Menezes de Oliveira, de aproximadamente 24 anos, o atirador era ex-aluno do colégio Tasso da Silveira. Ele chegou ao local por volta das 8h, começou a entrar em salas de aula e atirar em crianças a esmo - e se suicidou após a chegada da polícia.
O coronel Djalma Beltrami, comandante do 14° Batalhão de Polícia Militar, em Bangu, responsável pelas operações policiais na região, disse que Oliveira conversou com professores e se apresentou como palestrante ao chegar à escola.
O atirador estava vestido preto, usava luvas e um colete à prova de balas, disse o coronel.
Carta
Oliveira deixou uma carta digitada no computador expressando crenças religiosas confusas - "os impuros não poderão me tocar sem luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento".
O documento deixava claro que sabia que ia morrer, já que especifica como gostaria de ser enterrado - "ao lado da sepultura onde minha mãe dorme"; diz precisar da visita de um seguidor de Deus - para pedir "o perdão de Deus pelo que fiz" - e deixa instruções para que sua casa no bairro de Sepetiba seja doada para "instituições pobres" "que cuidam de animais abandonados".
Djalma Beltrami considerou a carta "ilógica", com teor "fundamentalista". Já o porta-voz da Polícia Militar, coronel Ibis Pereira, disse à rádio Estadão ESPN que a carta contém palavras que "sinalizam um desvio profundo de personalidade e uma demência religiosa".
O porta-voz confirmou que, depois de ser atingido por um tiro dos policiais, Wellington cometeu suicídio usando uma de suas pistolas.
Ele estava armado com duas pistolas calibre 38 e equipamento para recarregar rapidamente a arma - "determinado a fazer uma grande matança", afirmou Pereira. O corpo do atirador foi retirado da escola e encaminhado ao Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro.
Disparos
Em entrevista coletiva, o sargento Márcio Alexandre Alves, do Batalhão de Polícia Rodoviária, primeiro a entrar na escola durante o ataque, disse que participava de uma operação perto da escola quando um garoto ferido pediu socorro.
Ao entrar na escola, o sargento disse ter visto Wellington saindo de uma sala em direção ao terceiro andar da escola.
O policial afirmou ter então atirado no homem. "Ele caiu na escada e, em seguida, suicidou-se com um tiro na cabeça", disse à imprensa. "Se pudesse chegar cinco minutos antes, talvez tivesse evitado mais mortes", lamentou.
Uma funcionária da escola disse à rádio BandNews que Oliveira disparou até cem tiros contra os alunos.
"Parecia que a escola estava caindo, parecia bomba. Uma professora saiu gritando, dizendo que tinha um homem atirando, mas ninguém acreditou. Depois saímos correndo. Foram de 50 a cem tiros, nunca vi coisa igual."
A mulher disse que alguns funcionários e alunos conseguiram sair pela garagem da escola e buscaram refúgio na casa de vizinhos.
O diretor da escola municipal, que tem 400 alunos no período da manhã, disse à rádio CBN que Oliveira havia visitado a escola há pouco tempo e conversado com professores. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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