sábado, 19 de março de 2011

Igrejas perdem fiéis devido à insegurança

A Igreja do Rosário chegou a fechar suas portas em 2008 devido à onda de assaltos a fiéis e funcionários.
FOTOS: ALEX COSTA
Clique para AmpliarBancos vazios na igreja Coração de Jesus demonstram o temor dos visitantes. A partir das 15 horas o local fica deserto. Contratação de seguranças privadas e suspensão de missas à noite apenas minimizaram roubosJá se foi o tempo que as igrejas eram considerados locais seguros devido a fé e o respeito à morada do Senhor. Hoje, para garantir que os fieis rezem em paz e para manter seu patrimônio, as paróquias investem em segurança privada, tecnologia, grades e redução de missas à noite, feriados e fim de semana. Mesmo assim, vêm perdendo frequentadores devido ao crescente medo de assaltos dentro e fora dos templos. O vigário da Igreja Nossa Senhora do Carmo, padre Antônio Simplício, conta que até na hora de celebrar as missas fica atento ao movimento. Ele confirma que contratou segurança particular que não deu conta dos tantos problemas com marginais. Então, passou a ter o reforço do sacristão João Marcos Rodrigues, uma espécie de faz-tudo do lugar. “Já evitei assalto dentro da igreja feito por um filho de Deus com uma gilete”, comentou. A praça, onde está situada a igreja, precisa de reparos e os bancos viraram dormitório para os sem-tetos. “Tem deles que lavam roupa e estendem para secar nos bancos. É complicado”, lamenta padre Simplício. Por essa e outras, contabiliza, a igreja perdeu 50% de seus fieis nos últimos anos. “Chegávamos a ter aqui, em missas especiais, mil pessoas. Hoje, quando muito, esse número chega a 500 e eu estou sendo muito otimista”.
A igreja do Rosário, na Praça dos Leões, primeiro templo de Fortaleza, chegou a fechar as portas em 2008. A onda de assaltos a fieis, sacristãos e funcionários do templo foi o principal motivo. Atualmente, a Igreja voltou a funcionar com reservas e olho vivo.
Um dos seguranças do local, Alberto de Menezes, diz que até o cofrinho abaixo da imagem de São Francisco, logo na porta principal, é alvo constante de ladrões. “Um deles que arrumou uma chave qualquer e fica fingindo que está rezando, enquanto tenta abrir a caixa das ofertas”. Por conta da insegurança, só é celebrada uma missa por dia, às 7h20, de domingo a sexta. Sábado é fechado.

Abandono1000 fiéis frequentavam as missas especiais na Paróquia Nossa Senhora do Carmo. Hoje, devido à falta de segurança, as celebrações tiveram redução de 50% do público.

Ladrões não poupam nem o patrimônio históricoA Igreja do Patrocínio, no entorno da Praça José de Alencar, é Patrimônio Histórico Nacional e reduto de muitos católicos, mas nem por isso foi poupada pelos ladrões. Gradeada, com sensores de movimento que alertam se alguém tentar pular a grade proteção e com segurança privada 24 horas, o tradicional templo sente a redução de seus fieis.
“Durante o dia e na semana ainda temos movimento. Aqui é local para uma parada para orar, fazer promessas, mas no fim de semana ou feriado, quando o Centro morre, o movimento não existe”, comenta o padre Manoel Ferreira.
Em 1975, ele chegou a pegar em arma para defender o patrimônio da Paróquia do Patrocínio da ação de ladrões. “Naquele tempo foi fácil, mas agora é preciso mais que isso”, diz.

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Coração de JesusOutra que vem perdendo grande número de visitantes é a Igreja dp Coração de Jesus, na Avenida Duque de Caxias. Para ter mais controle da movimentação, somente a porta principal é aberta. Grades protegem as outras entradas.  “Toda terça-feira, na hora do sopão que servimos para as pessoas carentes, uma segunda porta é liberada, mesmo assim com a presença de segurança para que não tenhamos nenhuma surpresa indesejável”, informa uma das fieis mais assíduas do local, a dona-de-casa Edir de Paula Nascimento. São celebradas duas missas diariamente, às 7 e às 10 horas. “Depois das três da tarde ninguém tem coragem de passar por aqui”, conta a dona-de-casa Josefa Maria de Oliveira. A cena comum nos grandes templos da região central é as naves centrais praticamente jogadas ás moscas por falta de fieis.
(Diário do Nordeste)

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